domingo, 31 de maio de 2009

Entres.

Queimados laços
Pendurados a deriva numa entre-aberta janela
Entre duas pernas, tuas pernas queimadas ao sol,
Na sombra dos derrapados panos, dançando.
Não me largue até o dia raiar de verdade.

Sombras passageiras,
Entrelaçadas, como eu em ti
Entre luz e passagem negra.
Entre nós e paisagem escura.
Deitamos desacreditados, nossos olhos já beiram o passado.

Corpos suados;
Fim de tarde tão esperado.
Brisa do Ártico que passa
Vento seco do Sahara.

Queima o peito do medo,
Deste que acompanha entre abraços
Nos apertos, nos soluços e nas algumas tantas lágrimas.

Não te largues de suas pernas até o raiar do dia.
Só não deixes que eu me apague dos reflexos de seus olhos.
Somente não me desleixe, me jogue, me trespasse
Com esse teu esquecimento.

Me guarde, todos os dias dos outros lados,
Nos internos
De teus nunca imaginados olhos.
Me guarde onde nem de ti possa eu esquecer E nem de mim tu possas se esconder.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Bertolt Brecht

O Analfabeto Político


"O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,
do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia
a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta,
o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista,
pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."


Nada é impossível de Mudar


"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de
hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem
sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar."


Privatizado


"Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar. É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário. E agora não contente querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence."