quinta-feira, 16 de junho de 2011

Exílio a Izu

Envolta em folhas de bambu
a gratidão silenciosa.

Sozinho meu corpo
mas eu nunca.
Onde na trama do tempo
costuramos nossos laços?

Alguns franzem a testa e praguejam
em ouvir meu nome.
Quem sou eu?
Trago um segredo desvelado.

Me pedem que cure suas chagas
enquanto pelas costas amaldiçoam-me.
Por que negaria?
Vim para sussurrar para todos
o segredo que ecoa em seus corpos,
que perduram no tempo eterno.
Sua natureza é eterna.
Imutável.

Do segredo
somos todos portadores.
Como então não seríamos o mesmo?
"eu sou o único"
Por fim, nós.
Três milhões.
Três mil mundos.
Único momento de vida.

Estou em todos os lugares,
mas me vêem 
como um cego vê-se no espelho.

Descrevemos de formar diferentes,
mas estamos no mesmo lugar.
O que muda então?
A mente daquele que olha.
O lugar é o mesmo:
o bosque das árvores salgadas.

Tente me enxergar.
Tire a venda dos olhos
e me diga o que vê:
ouro, lebre ou cadáver?

Me perguntam se podem beijar meus pés
não poderia eu beijar os seus?
Aquele que morre e o imortal são os mesmos.
Segredo pulsa igualmente em todos nós,
basta saber ouvir.

Um comentário:

  1. Muito lindo Tarcila, principalmente o final... me bateu no fundo do peito.

    beijos e muitas saudades!

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