Fim da tarde.
A árvore senhora
contempla
um rio que chama
águas cobre e tons terra
presença fluida.
Nós também vamos,
fluímos
e desmanchamos.
°
À margem
o barco
um menino com rede
a adormecer peixes.
O sol morre
mais uma vez
seu sangue tinge
o céu
e o rio
espelha
a impermanência.
O silêncio canta
a noite nascer
atrás da curva
toda aldeia laranja
se enegresse.
E o domínio da escuridão
chama fogo,
velhos
e crianças
para se unir
e cochichar estórias
fora do tempo.
°
Mais um ciclo.
Nada se vê
se fala
ou mesmo se pensa.
Pois é consumado
o sorriso.
À margem
eu
observei e chorei.
Pois viver
diariamente
a plenitude da vida.
simples e magnânima,
é privilégio de poucos.
Quem realmente está vivo?
Me vejo neste rostos
e em todos os outros.
Mas carrego no corpo
a cor da culpa.
Quem eu sou?
No dia em que todos puderem viver,
quero ser o rio.
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