sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Lótus - Parte I
Era no escuro que todos os corpos choravam em silêncio. Ninguém ouvia muito bem, mas todos sabiam que choravam. Ouvia-se os suspirros silenciosos, cada um tinha seu motivo, talvez o mesmo.
E no silêncio escuro, as lágrimas conjuntas molhavam os corpos largados no chão. Enlamecia. Misturava lágrimas e suor com a sujeira. Enlamecia. E do desespero, decepção, desilusão, cansaço, calor, sofrimento que havia na sujeira, nasceu uma flor, uma das mais belas, que só nasce no meio da lama, do caos.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Maiakóvski
A PLENOS PULMÕES
(Trecho final)
Camarada vida,
vamos,
para diante,
galopemos
pelo quinqüênio afora.
Os versos
para mim
não deram rublos,
nem mobílias
de madeiras caras.
Uma camisa
lavada e clara,
e basta, —
para mim é tudo.
Ao
Comitê Central
do futuro
ofuscante,
sobre a malta
dos vates
velhacos e falsários
apresento
em lugar
do registro partidário
todos
os cem tomos
dos meus livros militantes.
Dezembro, 1929 / janeiro, 1930 (Tradução: Haroldo de Campos)
(Trecho final)
Camarada vida,
vamos,
para diante,
galopemos
pelo quinqüênio afora.
Os versos
para mim
não deram rublos,
nem mobílias
de madeiras caras.
Uma camisa
lavada e clara,
e basta, —
para mim é tudo.
Ao
Comitê Central
do futuro
ofuscante,
sobre a malta
dos vates
velhacos e falsários
apresento
em lugar
do registro partidário
todos
os cem tomos
dos meus livros militantes.
Dezembro, 1929 / janeiro, 1930 (Tradução: Haroldo de Campos)
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