quarta-feira, 31 de março de 2010

aos poucos querer



É tudo muito aos poucos
É duro pra mim
O pouco do teu ato
O duro de teus braços
Negando o que mais quero em ti
As lágrimas afoitas
Que querem te dar
O que é mais seu
Meu corpo não é nada
Além do que eu
Que quer
Além de tudo de você
Ser aquilo que quer
Inconstâncias do seu querer
Sofro por não ser
Nada além de mim
Nada do que quer
Apenas mais um querer

segunda-feira, 29 de março de 2010

mistério


nó, rumando ao impasse
antes pré-existente em
nossas palavras mudas
vontade transbordante
o já pós-insistente nó
impassível segredo, é

impossível mover-se
equidistante desejo

de nós, demais, de nós
nosso absoluto agora

sangue quente
mãos molhadas
frio na espinha

deter gente
deter a gente
de ter a gente

de nós, de mais, de nós
obtuso... agudo... agora

sexta-feira, 19 de março de 2010

Janeiro 16 - Deleite Vazio



(imagem: Joel-Peter Witkin)


Quem vai dar o último grito?
O último adeus sufocado e socado goela a baixo.
O último nó dilacerado
forçado e apertado
nos obrigamos a esquecer.

Da onde sai tanta ilusão?
Tanta impressão sobre o nada
do vazio de todo dia
de todo beijo
de todo copo bebido
enfraquecido pelo tempo
o veneno do peito
sufocante, matante,
mortal.

De  onde sai tanto deleite
com os atos mal feitos
história nojenta e brutal
que manchou todo o tapete
toda a casa
a cara e o corpo
de sujeito

Tá feito.

Volta pra casa em silêncio
com a boca amarrada
e o peito marcado de saliva



[é muito quente se se espera pelo cair da bomba no chão, que seus estilhaços enfinquem no corpo que cai em tormenta de joelhos]

segunda-feira, 1 de março de 2010

Novembro 10

Ordenar palavras em frases bem compostas.
Colocá-las em minha boca para se tornarem audíveis, interligíveis.
Objetivo claro, mas oculto em suas entranhas.
Implícito todo seu caráter de verdade, mas sem vulgarizá-lo com palavras escancaradas e diretas.
Claras.