quarta-feira, 30 de junho de 2010

Trilhos

 [imagem: Biba Rigo - modificada]

segunda-feira, 28 de junho de 2010

fool moon


e se... enche
demais
e cheia de si

é só...

metade luz
alheia
...o resto frio


sexta-feira, 18 de junho de 2010

terça-feira, 15 de junho de 2010

Beco

 [imagem: Andrei Tarkóvski]


Lambo. As faces. Os brados. O assombro.
O fungo sórdido da omoplata.
Matéria molhada, a tua fronte modelar e eu
Subalterna, percistência dos teus calos
calado.

Ai, que inferno! Enquanto se esquiva entre becos
Em passos sortidos, eu já sou o passado.
Está à frente de todos os teus passos, tropeço
em covas e poros do caminho
que são tão semelhante à tua fronte
sem expressão.

Lambo o presente, pois há só tempo vivo
E vou morrendo. Entre o cair e o recompor
Meu existir ou extinguir  passeia
Sobre mim, o ácaro entope os rastro de teus atos
o que me resta: atalho secreto em linha reta.

sábado, 12 de junho de 2010

sexta-feira, 11 de junho de 2010

terça-feira, 8 de junho de 2010

Se Entenda I


 [imagem: Frida Kahlo]



I

Aceite. Tome pra si o fato que a tua boca sobre a minha
é trato. Encare agora ou antes;
antes que o trançar desfaça, antes
que as minhas veias escorram como a água, o ralo,  tome,
se agarra agora ao meu corpo, respire fundo meu sopro, ande
em cima do pulso ou compasso do meu coração.

O corpo que foge ao tempo, eterno, a  fome
de vagar pelo emaranhado, por dentro. Se esconde
pensar nas luas e lembrar que é lento
o pensar da tua carne, o peito
austero.
E acima urde o tempo, bater do tempo
batendo sob minhas veias, desde sempre
a vida escorre entre os relevos. Compasso. Batendo.

Descola da sua pele o vivo, sob um olhar de um corpo novo,
se entenda. E eu dilacerada a ouvir: amor, amor.
Andei e andei e dei de cara com o muro, antes
devo gritar, com toda minha força, ao ódio
tristeza em mim, ilhada, a água
batendo sem cessar nas pedras. Devo gritar.
Digo isso a mim mesma e ao tempo. Mas do teu lado eu me deito.
Imensa. De onda e ódio e dor.

sábado, 5 de junho de 2010

Trovas de muito amor para um amado senhor - Hilda Hilst

Nave
Ave
Moinho

E tudo mais serei


Para que seja leve
Meu passo
Em vosso caminho.




 (imagem: Flavia Vivacqua)

A Toureira

quarta-feira, 2 de junho de 2010

culpa em sonho


Estou na penumbra arrumando o quarto.
Uma bagunça.
Na penumbra as coisas parecem mais cinzas e empoeiradas.
O ar parece mais denso e inrespirável.
Vejo em uma mochila uma mão,
fina emaranhada em um cabelo loiro e liso.

Ponho em minhas costas a mochila, logo o cadáver.
Pego metro e a minhas costas doem e encurvam com o peso.
Ainda tenho
que andar muito.
O metro tem luz de hospital e as pessoas me estranham.

Na rua é madrugada e o tempo é longo e frio.
Ando muito e minhas costas doem.
Entro no galpão vazio e escuro
e penduro a mala no vestiário.

Não há mais peso, nem culpa.

"O cadáver é dele e ele é quem tem que resolve-lo."

terça-feira, 1 de junho de 2010

Máscara

Senta e se concentra.
Coloca em seu rosto o neutro e se prepara para tirar a máscara.
Deita e no despertar tira.
Tira do rosto a expressão neutra da qual ninguém vi por trás.
O neutro branco cobria a cara, deixando livre para finalmente se expressar.

(imagem: Moisés Barbosa [modificado])