terça-feira, 8 de junho de 2010

Se Entenda I


 [imagem: Frida Kahlo]



I

Aceite. Tome pra si o fato que a tua boca sobre a minha
é trato. Encare agora ou antes;
antes que o trançar desfaça, antes
que as minhas veias escorram como a água, o ralo,  tome,
se agarra agora ao meu corpo, respire fundo meu sopro, ande
em cima do pulso ou compasso do meu coração.

O corpo que foge ao tempo, eterno, a  fome
de vagar pelo emaranhado, por dentro. Se esconde
pensar nas luas e lembrar que é lento
o pensar da tua carne, o peito
austero.
E acima urde o tempo, bater do tempo
batendo sob minhas veias, desde sempre
a vida escorre entre os relevos. Compasso. Batendo.

Descola da sua pele o vivo, sob um olhar de um corpo novo,
se entenda. E eu dilacerada a ouvir: amor, amor.
Andei e andei e dei de cara com o muro, antes
devo gritar, com toda minha força, ao ódio
tristeza em mim, ilhada, a água
batendo sem cessar nas pedras. Devo gritar.
Digo isso a mim mesma e ao tempo. Mas do teu lado eu me deito.
Imensa. De onda e ódio e dor.

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